A maneira como você visualiza, interage e percebe um dado pode ser o diferencial para conseguir compreender e assimilar aquela informação. Você já deve ter ido a uma exposição ou a um museu ou até usado aplicativos e sites com gráficos, mapas, linhas do tempo, diagramas, ou qualquer outro recurso lúdico que te ajudou a entender melhor o que estava sendo demonstrado.
A ideia de visualização de dados surgiu nos anos 1760, mas se intensificou no século seguinte. A partir do século XX, esse tipo de arte já causava impactos na ciência, na tecnologia e nos movimentos sociais, fazendo o mundo ser visto e compreendido sob a luz das diversas fontes de conhecimento.
A gente pode ver alguns exemplos na história: você sabia que a palavra estatística é originada da expressão em latim statisticum collegium, que se relaciona com a análise dos assuntos do Estado? Os gráficos estatísticos mais antigos examinavam o território, a população e os poderes monetários dos Estados. Conforme mais dados foram sendo coletados, com mais detalhes e especificidades, sua visualização contribuiu para a ciência social e saúde pública, promovendo uma melhor compreensão da geografia, economia e das muitas dimensões da vida humana.
Até em guerras e causas sociais os dados têm um papel de extrema importância — na guerra civil dos Estados Unidos, os abolicionistas usavam o censo para mapear a população afro-americana e depois, durante os anos, para caracterizar mais a fundo os recém-emancipados.
Proporção de população de cor, censo dos EUA de 1880. Henry Gannett, Census Office dos
Estados Unidos 1883, Nova Iorque. Crédito: Stanford Libraries
Tentar desvendar os dados e o que eles representam é uma tarefa que, apesar de parecer complicada, fica bem mais simples quando a visualização deles está clara e quando são aplicados meios de interatividade. Por isso, vamos ver um pouco mais sobre o que se entende por dados e como as ferramentas interativas auxiliam a relação das pessoas com eles!
O que é?
Um dado é basicamente um fato que busca passar alguma informação. Desde os primórdios da humanidade, o ser humano já usava diversas formas de deixar registrados acontecimentos e conhecimentos, com desenhos em cavernas, textos em pergaminhos, cartas, livros. Hoje em dia, a maior parte do que nós somos e fazemos fica armazenada digitalmente.
É com a tecnologia que se torna mais fácil exibir os dados de maneira interativa: com o uso de softwares de análise de dados, dá para criar uma visualização em que os usuários conseguem manipular e explorar as informações, por meio de ferramentas interativas e, assim, podem ver mais detalhes, questionar e capturar o que aquilo realmente significa.
Imagine que você está numa exposição sobre a emissão de dióxido de carbono — lá há gráficos e mapas com vários dados sobre isso. Tem também um painel para você descobrir a sua pegada carbônica, ou seja, quanto você contribui para a emissão desse gás com as suas atividades diárias, como a quantidade de porções de café que você consome por semana e os eletrodomésticos que você usa. Tudo isso deixa os dados mais claros para o usuário, porque ele consegue aplicá-los à sua realidade.
O legal é que a experiência da interação com essas informações acaba sendo única para cada um dos usuários, já que todos nós temos vidas e interesses diferentes e vamos nos relacionar com o dado de uma forma específica e singular.
São várias as possibilidades: a interatividade pode ser visual, sensorial, imersiva, com equipamentos tecnológicos… uma variedade de meios lúdicos capazes de interagir com o cérebro humano.
Para desenvolver elementos interativos para visualização de dados, é preciso avaliar o que há de informação e como dispor isso para o destinatário. De qual maneira os dados podem ser apresentados para garantir que o usuário vai conseguir entendê-los facilmente? As interações vão ajudar a melhorar a compreensão?
Como todo projeto, ele precisa ser testado, e a opinião do usuário vai ser levada em consideração. A ideia é construir algo que facilite o aprendizado, então quem está aprendendo precisa dizer se o objetivo está sendo alcançado.
Os dados interativos são uma ótima alternativa para disseminar conhecimento — a maioria das pessoas é visual, porque o cérebro humano processa imagens mais rapidamente que textos. Assim, o usuário consegue interpretar e estabelecer uma relação causa-efeito com as informações expostas. As imagens e a interatividade têm o poder de descomplicar dados complexos, trazendo-os para mais perto do que as pessoas já conhecem e entendem.
Exemplos
1. Earth Bits
Lembra da exposição sobre emissão de gás carbônico que a gente mencionou ali em cima? Ela existe. É a Earth Bits – Sensing the Planetary, da Dotdotdot. Na verdade, ela não se limita à problemática do dióxido de carbono, mas explora os princípios da transição de energia e a crise climática como um todo, analisando a relação entre as pessoas e o planeta. Seu objetivo é perceber a repercussão das escolhas humanas e o impacto que nossas ações têm no meio ambiente.
Os visitantes podem interagir com as informações por meio de gráficos e vídeos animados baseados em evidência científica, com a estação interativa que permite que eles mexam com os dados, guiados por sons e um papel de parede pintado de dados de satélite.
2. COVID-19 no mundo
Com a pandemia, surgiram milhares de dados relacionados aos casos e mortes por COVID-19 pelo planeta. No dashboard desenvolvido pelo CSSE (Center for Systems Science and Engineering) da Johns Hopkins University, é possível visualizar como cada país está lidando com a doença, e inclusive a quantidade de doses de vacinas aplicadas.
3. Banksy Graffiti Around the World
Esse mapa com o roteiro de grafites de Banksy espalhados pelo mundo foi criado por André Oliveira. Você clica no lugar e consegue ver a arte feita ali, e há ainda uma história de como a obra foi feita (claro que não é nada confirmado, já que, como todo mundo sabe, Banksy é um mistério!). O design é todo remanescente dos trabalhos desse artista, o que ajuda a visualização a ganhar vida.
4. Línguas no mundo
O gráfico da Density Designs’ World Languages Graphic analisa a situação linguística no mundo, e o primeiro dado é a quantidade de línguas existentes no mundo: 2.678! Imagina aprender isso tudo?! Eles ainda demonstram outras informações sobre idiomas e dialetos: onde as línguas são faladas, as famílias de línguas mais populares, o número de falantes, as 10 línguas mais usadas, a troca entre idiomas e a hierarquia linguística. E tudo isso de uma maneira que qualquer um pode entender, mesmo quem não é da área.
5. The Daily Routines of Famous Creative People
Curioso para saber o que os mais renomados artistas, escritores e músicos faziam durante o dia deles? Nós dizemos como! É só acessar o Daily Routines of Famous Creative People que você vai saber como eles dividiam as tarefas, com os horários do dia e o tempo de duração de cada uma. O gráfico colorido te dá a possibilidade de clicar na atividade (dormir, trabalho criativo, exercício…), para tentar descobrir como essas pessoas viviam. Vai ver é o que falta para você se tornar um gênio! Quem sabe, né?
6. Selfiecity
Você já se indagou sobre como as pessoas tiram selfies? Quais poses e expressões elas fazem e se há algum padrão nisso? A Selfiecity já — o projeto investigou o estilo das selfies em cinco cidades pelo mundo: Bangkok, Berlim, Moscou, Nova Iorque e São Paulo. Dá para comparar como os habitantes de cada cidade se comportam ao tirar selfies. Quem sorri mais? Quem é mais reservado? Qual é a idade dos adeptos desse tipo de fotografia? Tudo isso você descobre olhando os gráficos no site.
Deu para ver como a visualização de dados pode ser divertida, né? Com um design interativo, as informações são transmitidas de maneira fluida e fica bem mais interessante desvendar curiosidades sobre nossa vida e nosso mundo!