Nós já falamos da realidade virtual e da realidade aumentada, depois vimos o metaverso, agora chegou a hora de abordar mais um tema que é o assunto do momento: inteligência artificial e, mais especificamente, o ChatGPT.
Nos últimos meses, a internet vem recebendo uma onda de textos, artes e áudios gerados por IA. A mais recente é a criação de áudios com artistas cantando músicas que eles nunca cantaram. Já pensou ouvir o que você quiser na voz do seu artista favorito? Não precisa imaginar mais, porque é exatamente o que estão fazendo. Se você não viu, olha aqui a Ariana Grande cantando Happier Than Ever da Billie Eilish.
O ChatGPT está na área dos textos e, desde o seu lançamento no ano passado, vem ficando cada vez mais conhecido. A ferramenta já está revolucionando a forma como interagimos com IA e anda levantando questões pertinentes sobre como essas tecnologias podem impactar nossas vidas. Então, vem entender melhor sobre ele!
O que é e como usar?
ChatGPT é um modelo de linguagem natural treinado pela OpenAI que permite interagir com pessoas através de conversas de texto. É baseado no GPT-3, um dos modelos de linguagem mais avançados do mundo. Ele foi treinado em grandes quantidades de texto na internet para gerar respostas humanas para perguntas e conversas. É capaz de responder a perguntas sobre uma ampla gama de tópicos, incluindo história, geografia, ciência, entre outros.
Além de simplesmente responder perguntas, o ChatGPT pode gerar textos, traduções, resumos, poemas, artigos, músicas e basicamente qualquer forma textual que você requisitar. Ele ainda consegue fazer cálculos matemáticos e até criar códigos!
Para acessar, basta ir ao site chat.openai.com, criar uma conta e começar a conversar – você pode fazer a pergunta que desejar e receberá uma resposta em poucos segundos. Atualmente, é possível usá-lo sem pagar qualquer valor por isso, mas há também a opção de inscrição paga, o ChatGPT Plus, por U$ 20 ao mês. Ela te dá a possibilidade de acesso em horários de pico sem ter que lidar com mensagens de “fora de capacidade”, além de benefícios como respostas mais rápidas e novos recursos.
Além do ChatGPT, existem outras opções de chats para gerar textos que usam IA: YouChat, Jasper e Chatsonic.
Diferenças para outros chatbots e para ferramentas de pesquisa
Você pode estar se perguntando se o ChatGPT é igual a outros chatbots, como aqueles de assistência virtual, e a resposta é não. Esses chats não usam inteligência artificial, apenas pegam palavras-chave para gerar respostas pré-programadas, enquanto o ChatGPT consegue estabelecer conversas com o usuário, se adaptando a novas informações e contextos.
Já as ferramentas de pesquisa procuram na internet resultados relevantes à pesquisa. O ChatGPT, como a gente acabou de falar, é projetado para conversar, e ele não tem a capacidade de achar dados novos na internet, baseando-se apenas nos que já foram aprendidos.
Outros modelos de IA
DALL·E 2
Também criado pela OpenAI, DALL·E 2 é um sistema de IA que consegue criar imagens realistas e arte a partir de uma descrição em texto.
Whisper
Mais uma criação da OpenAI, Whisper é “um sistema de reconhecimento automático de fala (ASR) treinado em 680.000 horas de dados multilíngues e multitarefa coletados da web”.
Midjourney
Assim como o DALL·E 2, o Midjourney cria imagens a partir de descrições textuais.
Stability AI
O objetivo da Stability AI é de disponibilizar, junto com a AWS, ferramentas e modelos de códigos abertos para pesquisadores, estudantes, startups e empresas.
Problemas e limitações
O primeiro problema é que as respostas geradas não são 100% confiáveis, e isso é esclarecido pelo próprio bot. A ferramenta é passível de erros e consegue passar dados que soam como verdadeiros, mesmo quando não são, por isso todas as informações precisam ser checadas. Para falar a verdade, isso vale para qualquer coisa que você vir na internet – sempre cheque os fatos!
O Stack Overflow, um site de perguntas e respostas na área de programação, baniu temporariamente respostas do ChatGPT por esse motivo. Os moderados disseram num post: “O problema principal é que, enquanto as respostas que o ChatGPT produz tem uma alta chance de serem incorretas, elas geralmente parecem que são reais, e as respostas são muito facilmente reproduzidas”.
Além disso, o chat ainda encontra dificuldade em responder perguntas dependendo da forma que elas forem estruturadas, e pode dar respostas sem sentido. Uma grande limitação é que os dados foram coletados até 2021, então ele não sabe qualquer informação após esse ano. Por exemplo, se você perguntar quem é o atual presidente do Brasil, ele não saberá responder corretamente.
O que representa para o futuro – afinal, a IA vai substituir os seres humanos?
Talvez o maior questionamento que a ascensão da IA traz à tona é como a sociedade vai utilizar essas ferramentas e se elas vão substituir o trabalho humano. Não dá para negar que elas vieram para ficar, então a gente precisa tentar entender quais serão as consequências para nossa realidade.
Por um lado, o ChatGPT consegue ajudar em tarefas diárias e otimizar o tempo gasto com elas. No entanto, não dá para ignorar o problema de reprodução de informações erradas, além dos riscos de segurança cibernética.
O Google já planeja lançar seu próprio chatbot, chamado de Bard, além de mais de 20 produtos de IA, de acordo com The New York Times. A maior preocupação, no entanto, é com a reputação da marca, diante dessas questões de erro de dados passados e de segurança.
O sistema educacional também encontra no chat uma preocupação válida: o plágio. Com a facilidade em gerar textos prontos, dá para fazer um trabalho inteiro com o ChatGPT. Noam Chomsky, linguista, filósofo, ativista, autor e analista político estadunidense, criticou o chat, se referindo a ele como “plágio high-tech” e “uma forma de evitar o aprendizado”.
A profissão que se vê mais afetada com o chat é a de redatores e de criadores de conteúdo textual. Se um texto pode ser produzido em questão de segundos com base em prompts simples, empresas podem acabar optando por usar a ferramenta no lugar de profissionais do ramo.
O design gráfico também tem na IA uma possível ameaça – não com o ChatGPT, mas com outros modelos que geram artes, como DALL·E 2.
Esse texto, por exemplo, foi escrito por uma pessoa, mas já deu para ver que nem precisaria. Inclusive, uma parte foi feita pelo chat – será que você consegue descobrir? Se quiser testar sua capacidade de identificar um texto gerado por IA, pode voltar e reler, mas se só estiver na curiosidade, eu te conto: ele quem se descreveu no primeiro parágrafo do tópico “o que é e como usar”.
Mas será que a IA pode mesmo substituir as pessoas? A gente acredita que não, pelo menos por enquanto. Só alguém real pode fazer uma checagem de fatos, por exemplo. E mais: criatividade e empatia ainda não podem ser reproduzidas por uma máquina; as nuances da conduta humana são percebidas e compreendidas apenas por outro ser humano.
Ainda há um debate sobre a ética das inteligências artificiais. Num caso referente a direito do autor, a GettyImages processou a Stability AI pelo uso ilegal de suas imagens protegidas por direito autoral no treinamento do algoritmo da Stable Diffusion, outro modelo para gerar imagens por descrição de texto.
Portanto, a ideia é utilizar a tecnologia ao nosso favor, como assistente na execução das nossas tarefas. Pensar uma forma de usar de maneira ética e moral a inteligência artificial é essencial para ela ser uma aliada e não um problema no futuro.
Quer saber mais sobre ChatGPT? Ouça o episódio do podcast O Assunto que fala sobre ele!