Você já pensou em hackear seu bairro? É esse o desafio que o evento hackaBIP, de Lisboa, propõe. Estar por dentro da realidade do lugar onde você mora e da sua comunidade com a ajuda da tecnologia é a proposta do momento!
O objetivo do hackaBIP, que aconteceu entre 1 e 4 de julho deste ano, é usar as ferramentas digitais para aproximar a comunidade tech da intervenção territorial — isso quer dizer que as iniciativas locais vão poder explorar melhor o espaço digital. A ideia é também promover “o uso das plataformas de dados urbanos abertos, reforçando a apropriação da informação enquanto bem comum e recurso indispensável para a participação cívica”. Para isso, eles criaram projetos sobre colaboração, deliberação, informação e partilha de dados.
Em Lisboa, existem diversas plataformas com o intuito de divulgar dados sobre a cidade, e a gente vai falar sobre algumas delas daqui a pouco. Mas como isso funciona exatamente? Como os portais disponibilizam esses dados de forma aberta e qual é o impacto disso no desenvolvimento das cidades e na relação dos cidadãos com elas? Para responder essas perguntas, é o conceito de dados abertos que a gente precisa entender primeiramente.
O que são dados abertos?
Dados abertos são aqueles “que podem ser livremente usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa – sujeitos, no máximo, à exigência de atribuição da fonte e compartilhamento pelas mesmas regras”. É essa a definição da Open Knowledge International.
Assim, os dados precisam estar disponíveis para acesso de graça ou num valor razoável, seus termos devem permitir sua reutilização e redistribuição, sem discriminação contra áreas de atuação ou contra pessoas ou grupos.
Qual é sua importância?
Quando informações são divulgadas abertamente para o público, as pessoas conseguem descobrir o que está acontecendo à sua volta. Independentemente do tópico ao qual se refere, os dados abertos permitem a transparência dos processos e a democratização do conhecimento. O material fica ao alcance de quem estiver interessado nele, facilitando a disseminação de cultura.
No âmbito da relação cidadão-cidade, promover dados abertos sobre o local aproxima a comunidade do seu município. É uma maneira que os cidadãos têm de exercer a cidadania e participar do desenvolvimento de políticas públicas direcionadas à melhoria do espaço urbano.
Surge um ciclo de participação cívica: o acesso facilitado às informações instiga a busca por mais materiais e mais conhecimento. As pessoas se sentem verdadeiramente parte da sua cidade, e acabam por ter os meios para entendê-la melhor, questionar seu funcionamento e suas políticas, e de fato querer se envolver nas iniciativas e projetos municipais. É onde as ferramentas digitais cumprem o papel tão importante de tornar isso realidade!
E é exatamente nessa mesma ideia que o hackaBIP lista como alguns dos impactos esperados a contribuição para a articulação de uma visão coletiva sobre os territórios, o fortalecimento da cultura livre e das comunidades hacker e maker em Lisboa e a inovação social, com o desenvolvimentos de projetos comunitários relevantes para o desenvolvimento local.
Plataformas
Lisboa Participa
O Lisboa Participa é o portal da cidadania participativa. Funciona como uma plataforma com as informações sobre todos os programas e iniciativas de participação de âmbito municipal, promovidos pela Câmara Municipal de Lisboa. É possível se inscrever em vários projetos relacionados à cidade, para que os cidadãos possam se envolver na construção do local onde vivem.
Um exemplo de programa no qual você pode participar é o Lisboa em Debate: são consultas públicas e temáticas, em que os cidadãos podem ver as informações e expressar suas opiniões sobre projetos e iniciativas que ocorrem na cidade. Bem interessante, né?
Lisboa Aberta
É o portal de dados abertos de Lisboa. Os dados estão divididos em categorias — Administração Pública e Justiça, Ambiente e Cultura e Patrimônio são alguns exemplos do que você vai achar. Ao entrar na plataforma, você pode ver todas as opções e pesquisar de acordo com o seu interesse.
O site promove dados de muitas naturezas. Você tem acesso a informações sobre os serviços municipais, e também sobre entidades externas que, apesar de não serem públicas, têm atividades em Lisboa e, por isso, interessam quem quiser saber mais sobre a cidade.
Lisboa Inteligente
O Lisboa Inteligente tem como objetivo divulgar as iniciativas que estão sendo desenvolvidas na cidade, iniciativas estas voltadas para os cidadãos, com o intuito de que eles tomem conhecimento do que está acontecendo, se envolvam e participem. Nesta plataforma, você também pode visualizar por categorias: ambiente e energia, cidadão, economia, governação, mobilidade e modo de vida.
Para cada iniciativa, há uma ficha que a representa, com informações e detalhes sobre ela: uma pequena descrição, o nome do seu promotor, as fontes de financiamento, os custos envolvidos, as parcerias que foram criadas para desenvolver essa iniciativa, contatos para mais informações, e uma divulgação por meio de um vídeo, fotos ou qualquer arquivo multimídia. Dá para ver a fase em que se encontra o projeto e a entidade contratada também.
Lisboa Interativa
Para visualizar, consultar e analisar dados georreferenciados, foi criado o Lisboa Interativa. A plataforma disponibiliza ferramentas para explorar informações geográficas e emitir plantas, que podem ser utilizadas para instrução de processos. Permite o repositório de dados abertos, ou seja, a utilização é livre — você não precisa pedir autorização à Câmara Municipal de Lisboa.
No mapa, você pode procurar dados específicos, com informações sobre eles; consegue visualizá-los, interagir com eles, fazer análises, visualizar os dados em tabela e salvar os resultados. Ainda dá para desenhar no mapa, medir áreas e distâncias, carregar dados dentro do mapa, dentre outras funcionalidades.
Geodados Lisboa
O Geodados também está relacionado aos dados geográficos da cidade, que são igualmente abertos e livres para utilização. Você pode escolher uma das categorias ou simplesmente digitar o que você pretende encontrar no campo de busca.
Com os dados, dá para criar um mapa! E você também pode criar histórias e abrir pela plataforma ArcQIS, ver recursos de API e ver a fonte de dados e todos os metadados.
Lx Connect
O LxConnect é um aplicativo financiado pelo BIP/ZIP para celular e tablet. Sua proposta é fazer a ligação entre instituições e cidadãos. O usuário tem 4 opções: se clicar na cor azul, ele vai descobrir o que pode dar às instituições, sejam serviços, bens materiais ou até seu tempo; no botão de cor laranja, com o nome “receber”, ele vê o que as instituições têm a oferecer, com os tipos de serviços que elas prestam, além de informações sobre suas missões e os projetos nos quais estão envolvidas; já no botão verde, estão as associações que atuam na vizinhança, ou seja, perto do usuário; por fim, a cor rosa indica a agenda, com os eventos da cidade.
É uma ferramenta facilitadora dessas interações e ainda auxilia instituições que operam na área de residência, com a divulgação dos seus serviços.
Programa BIP/ZIP
O Programa BIP/ZIP (Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa) está fazendo 10 anos neste ano! Em 2011, ele nasceu pelas mãos da Câmara Municipal de Lisboa com o intuito de criar intervenções locais para melhorar e desenvolver o espaço coletivo.
Com a ajuda de organizações não-governamentais e de associações locais, e por meio de edições anuais, o programa é idealizado para a população, mas por ela também, numa união de forças para atender às necessidades da coletividade. A atuação da iniciativa abrange as áreas de educação e de saúde, colhendo resultados no aumento da empregabilidade e na formação das pessoas.
Até hoje, são mais de 1300 entidade por toda cidade na rede BIP/ZIP, com 67 territórios abrangidos pelos projetos apresentados, e mais de ⅕ da população de Lisboa diretamente envolvida!
Na página do Facebook Energia BIP/ZIP, disponibilizaram uma live com a apresentação das plataformas de dados abertos, então vale conferir! Nela, os representantes de diferentes departamentos da Câmara Municipal de Lisboa explicaram como cada plataforma funciona e os seus impactos na vida dos moradores da cidade.
Pensar em alternativas que incentivem a participação social é o caminho para a construção de uma comunidade cada vez mais envolvida e interessada em trazer melhorias. Com a ajuda da tecnologia, a promoção de dados abertos auxilia nessa missão, e ainda contribui para levar cultura para as pessoas.
O impacto que o mundo digital tem na vida das pessoas é um fato! Portanto, é importante usar as ferramentas a nosso favor. Debater, analisar e estudar como a comunidade tecnológica pode participar são tarefas essenciais para alcançar o desenvolvimento social, por isso a gente espera que este artigo tenha aguçado seu interesse por sua cidade. Se você for de Lisboa, não deixe de visitar as plataformas e conhecer mais sobre elas!