Você já deve ter jogado algo ao longo da sua vida, então pare e pense sobre o jogo que mais chamou sua atenção. O que causou a boa impressão? Os personagens? A história? O cenário? Na criação de qualquer game, todos os detalhes precisam ser bem pensados e levados em consideração para que o jogo seja interessante e atrativo ao público.
O responsável por todo o processo criativo é o game designer, ou o designer de jogos. Mas o que exatamente esse profissional faz? É sobre isso que nós vamos falar hoje!
O que faz um game designer?
O designer de jogos tem várias funções: é ele(a) quem vai cuidar do enredo da história, dos personagens, da estética, da mecânica e da programação. As diversas áreas que estão relacionadas à idealização de um jogo.
Primeiramente, é preciso definir o gênero e a mecânica do game. É um jogo de ação, de aventura, de terror? A plataforma será de mundo livre, corrida infinita? Existem várias possibilidades e esse é o ponto de partida para construir o jogo.
Existem inúmeros detalhes a serem considerados. Por exemplo, se o jogo tem vários níveis, qual vai ser a dificuldade de cada um? Como o jogador vai passar de um nível para o outro? Quais vão ser os obstáculos? Qual vai ser o sistema de pontuação?
Quanto aos gráficos, eles podem ser 2D ou 3D, dependendo do estilo que o designer pretende adotar. O tipo de desenho também é importante: se o designer optar por um aspecto realista, o jogo vai ter uma vibe bastante diferente de algo mais para o cartoon.
Além disso, há a parte sonora. As músicas e sons presentes no jogo têm uma função relevante: eles ajudam a dar o tom. Um som alegre dá ideia de um jogo mais animado; uma música mais sombria pode ser usada em um game de terror ou de suspense para contribuir com o clima de tensão.
O game designer também deve trabalhar o roteiro, desenvolvendo a história, os personagens, os diálogos, as cenas, as dicas, as regras e toda a parte escrita e visual do jogo que se relaciona com a trama.
Obviamente, a programação faz parte do processo. É a etapa que transforma em realidade tudo aquilo que foi idealizado. Sem programação, não há jogo.
Dentro de tudo isso, cabe ao designer entender o porquê de cada uma de suas decisões. Isso quer dizer que ele precisa saber o que ele pretende fazer com tudo que criou. Cada elemento precisa estar no lugar certo, no momento certo, por alguma razão, com um objetivo pensado. Até a paleta de cores é responsável por passar a mensagem.
Não é uma tarefa simples porque envolve a compreensão do que o jogador espera do jogo. Ele precisa ser bom o suficiente para que o jogador retorne e queira continuar jogando. A experiência tem que ser divertida e empolgante e, para que isso aconteça, o designer precisa ter a sensibilidade de estudar a fundo o jogo que está criando, com todas as particularidades relativas a ele.
Exemplos
Então vamos ver alguns exemplos de construção de história nos games?
The Last of Us
The Last of Us é um exemplo que pode nos ajudar a visualizar como um bom storytelling faz um jogo se tornar tão famoso e aclamado. Os jogadores acompanham Ellie e Joel num mundo pós-apocalíptico. Todo o cenário é criado para transparecer esse ambiente caótico: lugares e objetos abandonados, ruínas, corpos mortos, e a todo momento a possibilidade de monstros e inimigos aparecerem. A tensão é constante durante o gameplay.
A relação do Joel com a Ellie é um ponto de extrema importância para o jogo. Ela vai evoluindo para um relacionamento de pai e filha, e isso é crucial para que se entendam os personagens e suas ações. O enredo é bem desenvolvido e instiga o jogador a querer permanecer no jogo para acompanhar (e participar!) o desenrolar da história.
As interações são bem realistas, o que contribui para o ar de apreensão. As falas, a linguagem corporal e até os sons emitidos pelos personagens (como um gemido de dor ou um grito para avisar sobre um perigo) se assemelham a como uma pessoa agiria naquela situação, fazendo com que o jogador sinta-se de fato vivendo o momento.
Horizon Zero Dawn
O Horizon Zero Dawn é outro game com a temática pós-apocalíptica, mas como RPG. Nessa narrativa, as máquinas tomaram o poder, e a sociedade humana deixou de ter acesso à tecnologia, o que causou uma mudança drástica na maneira como os humanos vivem.
O jogador vive a experiência pelos olhos de Aloy, a protagonista, uma órfã exilada assim que veio ao mundo. O foco é a exploração do ambiente idealizado, e por isso foi usado o mundo aberto, para proporcionar a liberdade de investigar e aprender. É possível passear pelos locais e conhecer aquele universo – a beleza da natureza em contraponto com a primitividade da situação traz a sensação de volta a tempos passados, mesmo que a história se passe no futuro.
Por isso, o jogo pode ser visto por dois pontos de vista: como uma história com princípio, meio e fim, com personagens e uma protagonista; por outro lado, há o fator lúdico de tornar o processo jogável, criando a possibilidade de escolhas dentro de um padrão preestabelecido.
Ser um game designer requer muitas habilidades e bastante criatividade! É uma indústria que está crescendo cada dia mais (a pandemia, inclusive, fez com que esse aumento fosse ainda maior nos últimos anos). Há um leque de possibilidades para quem quiser investir nela. Mas e aí, achou legal descobrir um pouco sobre como funciona a relação do design com a construção de um jogo? Vai ficar mais atento a esses detalhes da próxima vez que for jogar?